Recuperação do BTC: qual é o seu futuro agora?
O valor do Bitcoin (BTC) passou por um verdadeiro sobe e desce recentemente. No último fim de semana, o preço chegou a cair para US$ 102 mil, mas, nesta segunda-feira, já recuperou parte da sua força e está sendo negociado acima de US$ 115 mil. Isso tudo está inserido em um cenário de mercado bem volátil, onde a euforia do início do mês, quando o BTC alcançou seu recorde histórico de US$ 126,2 mil, já se apagou. Essa alta foi impulsionada por uma entrada massiva em ETFs de cripto, que somou cerca de US$ 1,85 bilhão.
Infelizmente, a alegria não durou muito. As tensões nas relações entre os Estados Unidos e a China, somadas à proposta de tarifas de 100% sobre produtos chineses feita por Donald Trump, resultaram em uma das maiores liquidações que já vimos no mercado de criptomoedas. Além disso, a incerteza no cenário macroeconômico aumentou com o shutdown do governo americano, afetando diretamente a confiança dos investidores.
O analista Alex Adler Jr. destaca que esse ambiente desafiador tem um impacto significativo nos mercados de risco, incluindo o de criptomoedas. Nos derivados, a situação foi ainda mais complicada, com uma desalavancagem estimada em cerca de US$ 10 bilhões em juros em aberto.
Recuperação do Valor do BTC
A força do movimento de descompressão acaba pressionando o sistema como um todo. Adler ressalta que a liquidez disponível para uma rápida recuperação do Bitcoin está reduzida. As métricas que indicavam um otimismo acentuado mudaram para uma posição mais neutra ou até levemente pessimista. Para que o BTC comece a mostrar força novamente, ele precisa se consolidar entre US$ 115.000 e US$ 118.000. Caso contrário, existe o risco de uma nova queda nos níveis de suporte entre US$ 108.000 e US$ 110.000.
Outro fator é o ambiente geopolítico. O Federal Reserve dos EUA está observando tudo com cautela. Embora eles vejam riscos no emprego e considerem cortes nas taxas, a abordagem firme contra a inflação ainda é a prioridade. Enquanto isso, o dólar apresentou oscilações, mas terminou a semana em alta, refletindo uma tendência de fuga para ativos considerados mais seguros.
Estruturas de Preço e Momentum
Adler comenta que a estrutura do preço começou a mostrar sinais de ruptura, com topos e fundos mais baixos sendo formados. Isso pode indicar uma mudança no viés do mercado, caracterizado por uma amplitude maior de preços e um volume alto de vendas. O momentum, que representa a força da tendência, caiu para um patamar negativo, estabelecendo o mercado em uma zona neutra-baixa.
Para que a recuperação aconteça, o momentum deve se elevar novamente, idealmente entre +3% e +6%, e os preços precisam se estabilizar acima da faixa de US$ 116.000 a US$ 118.000. O “Max Pain,” uma medida utilizada no mercado de opções, aponta para US$ 118 mil, o que sugere que o mercado está pressionado para que os preços se mantenham nessa faixa até a expiração.
Métricas On-Chain em Foco
As reservas de Bitcoin em exchanges apresentaram uma leve queda de 0,68% na última semana, um sinal moderadamente otimista, porque indica uma compressão da oferta. Por outro lado, a capitalização de mercado caiu quase 9,5%, refletindo os recentes reveses de preço.
Por outro lado, a taxa de mineração aumentou em 4,5%, mostrando uma competitividade crescente na rede. O hashrate subiu 9,7%, indicando que a segurança da rede se mantém robusta. Entretanto, o número de carteiras ativas permaneceu praticamente inalterado, o que sugere que a adesão não cresceu consideravelmente.
O volume de negociações, tanto spot quanto derivativos, aumentou em mais de 66%. Isso revela que o pânico e a desalavancagem estão intensificando a movimentação no mercado.
Cenário Neutro-Negativo e Oportunidades Futuras
Diante desse cenário, Adler conclui que o mercado cripto está em uma fase mais defensiva e em transição. O impacto das questões macroeconômicas e das liquidações recentes é profundo. Para que haja uma reversão, o mercado precisa cumprir três critérios importantes:
1. Estabelecer preços firmes acima de US$ 115.000 a US$ 118.000.
2. Os índices de derivativos, especialmente o Flow Index, devem voltar a uma zona neutra ou levemente positiva.
3. As métricas on-chain precisam mostrar recuperação, como um P/L Score maior ou igual a +1 e um prêmio positivo para investidores de curto prazo.
Se essas condições não forem atendidas, há um risco real de novas ondas corretivas, colocando em teste os níveis de suporte já mencionados. A cautela e disciplina se tornam essenciais nesse momento, mesmo diante dos fundamentos institucionais que ainda estão em jogo.